Semana MLB | 50-50: Por que a marca coloca Ohtani como um dos superatletas da atualidade

O ineditismo já mostra o quão difícil a marca é, e por que figuras como LeBron James, Patrick Mahomes, Magic Johnson, Joel Embiid e Billie Jean King, entre outras tantas, se manifestaram celebrando o feito. Mas é importante entender por que o 50-50 é tão raro e o que o número diz sobre o astro do Los Angeles Dodgers.

Rebater home runs em quantidade industriais, como passar de 40 ou 45 em uma mesma temporada, exige que o jogador tenha muita força e um físico avantajado. Roubar bases em quantidade industriais, como passar de 40 roubos em uma mesma temporada, exige que o jogador seja leve para ter velocidade. Esses fundamentos pedem jogadores de perfis diferentes, é raro algum conciliar força no tronco e velocidade nas pernas ao mesmo tempo. Mal comparando, é como um jogador de futebol americano empilhar touchdowns como corredor e como recebedor ao mesmo tempo. Normalmente, acumular grandes estatísticas em um significa que reduzirá suas chances no outro.

Alguns conseguiram, são os que chegaram ao patamar de 40-40, casos de Alex Rodríguez, Alfonso Soriano, José Canseco, Ronald Acuña Jr e Barry Bonds. Mas parecia que o 40-40 era perto do teto humanamente possível, tanto que o recorde de maior número nas duas estatísticas era 42-42 de Rodríguez em 1998. Mesmo considerando que alguns dos jogadores tiveram ajuda de doping em determinado momento para potencializar seu desempenho.

Ohtani explodiu essa marca, e quando nem se esperava. Sabia-se que ele era um jogador rápido, capaz de roubar bases. Mas ele sempre concentrou seu jogo em home runs e em arremessar a cada cinco dias, não em brigar pela liderança da liga em bases roubadas. Nesta temporada, sem poder arremessar, ele tratou de desenvolver sua habilidade como corredor.

Atingir o 50-50 já seria digno de grande repercussão, mas Ohtani ainda o fez em uma atuação individualmente espetacular. Contra o Miami Marlins, o japonês teve seis rebatidas em seis oportunidades, conseguindo 3 home runs, 2 rebatidas duplas, uma simples, duas bases roubadas, 10 corridas impulsionadas e 17 bases rebatidas. E a vitória ainda classificou matematicamente os Dodgers para os playoffs. Alguns jornalistas americanos rotularam a atuação como a maior em uma parida na história do beisebol.

De fato, muitas marcas importantes estão dentro desse desempenho. Em toda a história das grandes ligas, foi o sexto maior número de bases impulsionadas em uma partida (mas é o primeiro de um rebatedor que encabeçou a ordem de ataque do time), o quarto de bases totais na história e chegou ao terceiro lugar em mais bases roubadas seguidas (28). Além disso, bateu o recorde de home runs na história dos Dodgers. Isso tudo dentro de um contexto de garantir a classificação de sua equipe e estabelecer o histórico 50-50.

Ohtani é um jogador especial. Recebeu um contrato com salário anual de US$ 70 milhões por ser capaz de ser dois jogadores em um, um arremessador e um rebatedor. E, mesmo quando uma lesão o impede de ser o arremessador, ele inova sendo um rebatedor de potência e um corredor de velocidade ao mesmo tempo. É um superatleta.

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TRÊS STRIKES

1) A semana viu quatro times garantirem a classificação aos playoffs. Além dos Dodgers, também vão disputar a pós-temporada New York Yankees, Cleveland Guardians e Milwaukee Brewers. Dodgers, Yankees e Guardians ainda precisam assegurar o título de suas divisões, mas, na pior das hipóteses, já têm vagas no wildcard. Os Cervejeiros, porém, já são campeões da Liga Nacional Central.

2) O Baltimore Orioles informou que Craig Kimbrel está disponível para assinar com qualquer equipe que o desejar. O arremessador foi contratado para ser o fechador da equipe na temporada, mas decepcionou com um ERA de 5,33 (mais de duas corridas acima de sua marca no ano passado) e WAR de -1,1. Ele perdeu o posto de fechador no final de julho, mas continuou no elenco como opção de bullpen. Desde então, seus números só pioraram.

3) As marcas que Ohtani e Aaron Judge estabeleceram ao longo do ano ofuscaram dezenas de jogadores que têm desempenho fantástico no ano, e isso fica muito evidente na disputa entre arremessadores. Chris Sale (Atlanta Braves) e Tarik Skubal (Detroit Tigers) chegam à última semana da temporada regular com a Tríplice Coroa, liderando suas ligas em vitórias, ERA e strikeouts. Uma Tríplice Coroa de arremessador não é comum, duas no mesmo ano é bastante raro: só ocorreu uma vez nos últimos 100 anos, em 2011 com Justin Verlander e Clayton Kershaw.

BRASILEIROS

- Tem brasileiro campeão nas ligas menores. Pedro da Costa (single-A do Seattle Mariners) ajudou a levar o Modesto Nuts ao título da California League. O brasileiro foi o abridor do jogo 3 da final contra o Lake Elsinore Storm, arremessando duas entradas e cedendo uma corrida. A vitória por 2 a 1 garantiu o título aos Nuts. Pedro terminou a temporada regular com ERA 4,32 e os playoffs com 1,50.

DÚVIDA DO FÃ DE ESPORTE

Por que os jogadores não se atiram para alcançar a primeira base? Quando estão da primeira em diante eles fazem de tudo, se a corrida não basta eles se jogam e deslizam até a base, mas do rebatedor até a primeira base, não é visto. Por quê?
Jenyffer Chris, @jenyfferchris

Basicamente, porque não vale a pena e eles não são obrigados. Já está comprovado que ir correndo direto para a base é mais rápido do que se atirar em direção a ela (seja de carrinho, seja mergulhando de peixinho). A regra permite que o corredor passe direto pela primeira base, desde que ele toque nela durante essa passagem. Assim, ele passa correndo e segue em frente que já está a salvo. No entanto, a regra também prevê que, para ocupar as outras bases e ficar a salvo, o corredor precisa manter contato com ela o tempo todo. Por isso, os jogadores se atiram na segunda e terceira bases, porque ele consegue manter alguma parte do corpo tocando a base.